Carangola, MG História da Cidade
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A faixa de CEP de Carangola, MG é de 36800001 à 36806999 e o código IBGE do município é 3113305. Quem nasce na cidade é chamado de carangolense e para ligar para Carangola utilize o DDD 32.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CARANGOLA - Minas Gerais - MG
Gentílico: CARANGOLENSE
HISTÓRICO
Situado na Zona da Mata de Minas Gerais, na confluência com os Estdos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o município teve seus primórdios de colonização na primeira metade do Século XIX. A colonização tardia se deve ao fato da região se situar nas chamadas "áreas proibidas" interditadas à penetração, visando coibir o contrabando de ouro no período colonial. A afluência à região se deve à procura de novas lavras auríferas e não sendo encontrado ouro, os colonizadores foram forçados a optar pela agricultura, inicialmente a de subsistência e, pouco mais tarde, para a cultura cafeeira, que se tornou a base econômica de toda a região e fator de seu crescimento.
O Distrito da cidade de Carangola não teve um fundador, pois constituiu-se numa obra de grandes fazendeiros que se estbeleceram nos arredores, algumas décadas antes do início da formação do povoado, na década de 1840. Durante o período citado ocorreu a derrubada de grande parte da mata que cobria o atual perímetro urbano, situado na margem esquerda do rio Carangola. Os primitivos habitantes foram os índios da tribo Purís-Coroados, tangidos do litoral pela civilização e tribos hostís.
O topônimo local, "Carangola", provém do rio do mesmo nome, sendo que a denominação já constava nos mapas da Capitania de Minas Gerais datados de 1780, bem antes da presença do homem branco na região. Quanto ao seu significado existem mais de 10 versões imaginárias, conflitantes, não tendo sido encontrada, até hoje, de onde o cartógrafo obteve a denominação para o rio. Todas as referências existentes não conseguiram convencer os pesquisadores que se dedicam ao assunto.
Existe uma versão que relata a chegada de João Fernandes de Lannes, no ano de 1805, tendo este acampado no local da atual Praça Cel. Maximiano, sem contudo ter alí se fixado. Os primeiros contatos com os selvícolas foram pacíficos, tendo os colonizadores comerciado com estes a troco da extração da poáia, muito comum na região, naquela época, de cujas virtudes medicinais se obtinha bons lucros em Campos dos Goytcazes, Estado do Rio de Janeiro.
O devassamento da região limítrofe ocorreu a partir de 1822 quando Antônio Dutra de Carvalho (Cel. Dutrão) se apossou de 25 sesmarias na região do Caparaó. Em 1826 o Guarda-Mor Manoel Esteves de Lima se apossou de uma área de 800 alqueires na região de Papagaio, tendo fixado sua sede no local onde mais tarde se denominou Córrego dos Freitas.
Em 1833 o Tenente-Coronel José Baptista da Cunha e Castro desbravou a região de Divino. As terras situadas nas margens do rio Carangola, entre Porciúncula e Itaperuna, Estado do Rio de Janeiro, foram desbravadas por José de Lannes Dantas Brandão, incluindo as terras banhadas pelo rio São Mateus.
A área geográfica do município de Carangola pertenceu, sucessivamente, desde o período colonial, aos municípios de Mariana, Pomba, Visconde do Rio Branco, Ubá e Muriaé. Os primeiros proprietários da área onde hoje se encontra o perímetro urbano da cidade foram Francisco Pereira de Souza e Marciano Pereira de Souza.
Na evolução histórica da região, um marco relevante foi a Primeira Eleição para Eleitores Especiais, ocorrida em 02 de novembro de 1856. Em 07 de outubro de 1857 foi benzida a primeira capela do povoado, tendo por orago Nossa Senhora do Rosário, capela esta construída por Francisco de Souza Romano. Em 06 de janeiro de 1859, numa reunião presidida pelo padre Antônio Bento Machado, vigário da Freguesia de Tombos, foi decidida a construção de uma capela, tendo por orago Santa Luzia, destinada a ser a futura Igreja Matriz do lugar. Dentro das exigências da época para a formação do "castrum" da futura Freguesia, incluía-se a doação de uma gleba de terras para a formação do Patrimônio, sendo que a capela tinha de ser construída defronte a um retângulo, para a formação do chamado Largo da Matriz. Coube aos Srs. José Moreira Carneiro, português natural de Funchal, na Ilha da Madeira, e seu sogro Manoel José da Silva Novaes, adquirir de Francisco de Souza Romano a área necessária e efetuar a doação do terreno à Mitra Diocesana de Mariana. Esta doação foi a origem da disposição das ruas do centro da cidade.
A Lei de n.º 1097 de 07/10/1860 criou um Distrito de Paz em Carangola, como parte integrante do município de São Paulo do Muriahé, desde 1855. A Freguesia (Distrito) foi criada pela Lei Provincial n.º 1273 de 02/01/1866. O município o foi, com território desmembrado de São Paulo do Muriahé, atual Muriaé, por efeito da Lei Priovincial n.º 2500 de 12/11/1878. Em virtude da Lei Provincial n.º 2848 de 25/10/1881, foram concedidos foros de cidade à sede do município de Carangola. Em 07 de janeiro de 1882 ocorreu a instalação do primeiro governo municipal, tendo sido escolhido para ser o 1.º Presidente da Câmara Municipal o médico Dr. Manuel Afonso Cardoso e para Vereadores os Srs. Antônio Carlos de Souza, José Luciano de Souza Guimarães (futuro Barão de São Francisco do Glória), Mariano José Soares, Antônio Antunes Vieira, João Marcelino Teixeira e Estêvão Rodrigues Pedrosa.
A criação do Distrito de Carangola foi confirmada através da Lei Estadual n.º 02 de 14/09/1891. Na época de sua emancipação, o município de Carangola compreendia os Distritos de Carangola, Tombos do Carangola, São Mateus, São Sebastião da Barra, Alto Carangola, São Francisco do Glória, Espera Feliz e Divino do Espírito Santo do Carangola. Na imensa área que constituía o Município, em 1882, ocorreram sucessivos desmembramentos sendo que hoje se constitui em 12 Municípios.
A vida judiciária teve início na elevação do povoado à condição de Distrito de Paz (Lei 1097 de 07/10/1860). Pela Lei n.º 2665 de 04/11/1880, era criada a Comarca de Rio Manhuaçú, abrangendo os Termos de São Lourenço do Manhuaçú e Santa Luzia do Carangola, sendo o de Carangola criado pela Lei n.º 2500 de 12/11/1878. Em 10 de abril de 1882 o Presidente da Província de Minas Gerais nomeou para Juiz Municipal o Dr. Benjamin Firmo de Paula Aroeira. Tendo o Juiz de Direito oportunidade de optar para sede da nova Comarca, este escolheu Carangola, fixando aqui sua residência, instalando-se em 20 de janeiro de 1883, preenchendo aquela formalidade o Juiz Suplente Dr. Américo Fernandes Leão. Em 10 de maio de 1883 o Juiz de Direito, Dr. Francisco Xavier Rodrigues Campello inaugurou as audiências públicas. Através do Decreto n.e 230 de 10/11/1890, era criada a Comarca de Carangola, desmembrada da Comarca de Rio Manhuaçú. Em 28 de setembro de 1922 foi a Comarca elevada à categoria de 2.ª Entrância através da Lei 839. Em 23 de novembro de 1925, pela Lei n.º 912, foi elevada para 3.ª Entrância. Pelo Decreto n.º 667, de 1940, a Comarca de Carangola tornou-se de 4.ª Entrância. O primeiro registro civil de nascimento ocorreu em 10 de janeiro de 1889 e o primeiro registro de imóveis, em 28 de fevereiro de 1891.
A vida religiosa teve início com a construção da capela do Rosário, edificada por Francisco de Souza Romano, benzida em 07 de outubro de 1857. A primeira Igreja Matriz foi construída de taipa, no ano de 1859. Em 1862, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, durante sua visita à Freguesia de Tombos, assinou o decreto criando o Curato de Santa Luzia, filial da Paróquia de Tombos. Em 1868 chegou o primeiro Cura, o padre italiano Antonio Cassaleto. Dentre os vigários da Paróquia se destacou o padre Cândido Alves Pinto de Cerqueira, deputado provincial por duas legislaturas. A partir de 1915 foi a Paróquia de Santa Luzia incorporada à Diocese de Caratinga. Em 1925 a provisão passou a ser exercida pela Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria (Claretianos) que permaneceram até 1954, quando foram sucedidos pela Congregação dos Padres Missionários de Nossa Senhora do Sacramento (Sacramentinos), que permaneceram até 1982. Em 1921 vieram as primeiras freiras da Congregação das Servas de Maria do Brasil, que naquele ano adquiriram a Escola Normal "Arthur Bernardes". Em 1935, para assumirem a direção interna da Casa de Caridade de Carangola, chegaram as freiras da Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.
A primeira confissão evangélica a se estabelecer em Carangola foi a Igreja Metodista, em novembro de 1921. Em seguida formou-se uma Congregação da Igreja Batista e, em 1949, a Igreja Presbiteriana do Brasil estabeleceu sua casa de oração na rua Barão de São Francisco. A Igreja Cristã iniciou suas atividades inaugurando sua primeira Casa de Oração em 01 de janeiro de 1914, na região de Conceição. Em 1941 inauguraram seu templo na rua Coronel Manoel José de Souza. Em 1954 a Igreja Evangélica Assembléia de Deus iniciou suas atividades num salão situado na rua 12 de Outubro. Posteriormente surgiram novas confissões e hoje totalizam 18 igrejas de denominações diferentes.
As comunicações desta região para com os portos do litoral eram precárias, sendo o transporte efetuado por tropas de burros devido à carência de rios navegáveis e o terreno muito montanhoso. Em 1872 o Comendador Cardoso Moreira iniciou a construção da Estrada de Ferro do Carangola que, partindo inicialmente de Campos-RJ, deveria ter seu ponto final em Tombos. Mas as freqüentes interrupções dos trabalhos permitiram que a ferrovia atingisse no máximo o povoado de Porciúncula-RJ. Em 10 de julho de 1887 um trem de lastro da Estrada de Ferro Alto-Muriahé foi festivamente recebido na cidade, que assim passava a ter comunicação direta e diária com o Rio de Janeiro. Sendo ponto final da ferrovia, até o ano de 1914, a cidade teve um grande surto de desenvolvimento, constituindo o empório de uma área geográfica de 250 km de raio. O primeiro automóvel chegou a Carangola em 1917, adquirido pelo Sr. José Joaquim Ferreira. As condições das estradas de rodagem eram precárias. A maioria delas foram locadas pelas antigas trilhas dos indígenas e ampliadas para o trânsito de tropas de alimárias e carros de bois. Com a construção da rodovia Rio-Bahia, seu traçado passava no antigo povoado onde hoje é a cidade de Fervedouro. Em 1939 foi iniciada a construção do trecho de Fervedouro a São João do Manhuaçú. Em 1944 foi iniciada, de Carangola, a construção do ramal ligando a Fervedouro e à estrda tronco. A Estrada de Ferro Alto-Muriahé foi absorvida pela Estrada de Ferro Leopoldina que, por sua vez, em 1899, passou para propriedade inglesa, passando a constituir a The Leopoldina Railway Company Limited, que assim permaneceu até 1949, quando foi encampada pelo governo brasileiro. A ferrovia foi erradicada do município em 09 de setembro de 1976. A pavimentação do trecho rodoviário Carangola-Fervedouro atingiu a cidade em 30 de abril de 1966.
A iluminação pública, inicialmente, era feita com lampiões que queimavam óleo de baleia. Durante a administração do Agente Executivo Manoel José de Souza (1898-1901) foi instalada a iluminação pública a gás acetileno e em abril de 1914 a cidade passou a ser iluminada com energia elétrica.
Quando ocorreu sua emancipação, em 1882, a cidade de Carangola se compunha de cinco ruas e duas praças, com 36 residências. Em 1896, na época da instalação dos serviços de água e esgoto, o perímetro urbano já possuía 156 domicílios e estabelecimentos comerciais. Em 1901 foi inaugurado o Parque Municipal, misto de área de lazer e jardim botânico, que teve duração efêmera. O ajardinamento da praça principal só ocorreu em 1910, durante a administração municipal do Cel. Olympio Joventino Machado. Apesar de na época citada já estarem instaladas as pedras de meio fio, o calçamento a paralelepípedos só foi iniciado em março de 1923, durante a administração do Cel. Adolfo Eusébio de Carvalho, limitando-se ao centro da cidade.
Desde 1856 que a cidade dispunha de escolas singulares, tanto na área urbana como na rural. Em 1890 foi inaugurada a Escola Intendencial e em 1907 instalado o Grupo Escolar na Praça Cel. Maximiano. Em março de 1916 o prédio onde este Grupo se instalava desabou e a escola funcionou até 1925 em vários pontos da cidade. Em 21 de abril de 1925 foi inaugurado o Grupo Escolar Mello Vianna. Em 01 de fevereiro de 1934 iniciava suas atividades, em três casas na rua Marechal Deodoro, o Grupo Escolar Interventor Benedito Valadares. No ano de 1946 passou a ocupar as suas instalações definitivas na rua Quintino Bocaiúva. Em 1947, no prédio do antigo Instituto Propedêutico Carangolense, começava a funcionar o Grupo Escolar Antônio Marques. O ensino secundário teve início com o Ginásio Carangolense, de propriedade do Sr. Vespasiano Leopoldino de Souza, que iniciou suas atividades em 1914 num casarão na rua Marechal Deodoro. Em 1917, anexo a este, era instalada a Escola Normal Arthur Bernardes, transferida de Manhuaçú para Carangola. Em 1916 foram lançados os alicerces de um estabelecimento escolar que teria a denominação de Colégio Santa Luzia. A construção só ficou pronta em 1922 e ali se instalou o Ginásio Municipal Carangolense, que durou até 1973, sendo extinto e suas instalações adquiridas pela Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Carangola. O Instituto Propedêutico Carangolense foi inaugurado em 20 de janeiro de 1929 e funcionou até 1938, na rua Magalhães Queiróz.
No aspecto econômico, a agricultura foi o fator de crescimento da região. A introdução do cultivo do café data de 1848, quando Manoel Pinheiro plantou as primeiras mudas em Caiana. A generalização do cultivo de café na região atraiu a ferrovia, devido ao volume considerável de produção. No auge do período produtivo a cidade chegou a exportar 100 mil sacas anuais. A produção cafeeira local teve sua primeira crise em 1907 devido às especificações previstas no Convênio de Taubaté, pois o tipo produzido na região não se enquadrava no mesmo. A pecuária, outrora limitada à criação de gado Barroso, de pouco leite e carne dura, teve um incentivo a partir de 1914, quando Roberto Ferreira de Toledo Júnior adquiriu os primeiros exemplares de gado de origem européia: holandês preto e branco, normando e simental. Posteriormente outros fazendeiros introduziram animais de origem indiana e outras raças européias. A produção econômica de Carangola era tamanha, chegando ao ponto de se constituir na segunda arrecadação fiscal do Estado de Minas Gerais.
Uma grande experiência foi tentada a partir de 1915 pelo médico Dr. Jonas de Faria Castro que, através de uma sociedade anônima, fundou a Companhia Industrial Carangolense inaugurando, em 1921, a primeira fábrica de isoladores de porcelana da América do Sul. A empresa entrou em insolvência em 1926. Outro empreendimento industrial de vulto foi a Oficina Metalúrgica de Antônio Pistono & Filhos, que dispunha de uma grande fundição de ferro, tendo fabricado tornos mecânicos e limadores, em 1917.
Apesar de ter deixado de constituir ponto final da ferrovia, em 1914, a cidade ainda experimentou um grande desenvolvimento. As sucessivas emancipações de seus distritos - Tombos (1922), Divino e Espera Feliz (1938), Faria Lemos e São Francisco do Glória (1953) e ultimamente Fervedouro (1993) - esvaziaram a base econômica do município. Em 1936 existiam em Carangola treze grandes armazéns exportadores de café e, em 1950 estes já se reduziam a apenas três. Em 1968 o município aderiu ao Programa de Erradicação dos Cafeeiros tidos como improdutivos a troco da pavimentação das rodovias que cortavam o município. Assim se esvaiu o restante da economia local, outrora uma das mais pujantes do Estado de Minas Gerais.
Gentílico: CARANGOLENSE
HISTÓRICO
Situado na Zona da Mata de Minas Gerais, na confluência com os Estdos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o município teve seus primórdios de colonização na primeira metade do Século XIX. A colonização tardia se deve ao fato da região se situar nas chamadas "áreas proibidas" interditadas à penetração, visando coibir o contrabando de ouro no período colonial. A afluência à região se deve à procura de novas lavras auríferas e não sendo encontrado ouro, os colonizadores foram forçados a optar pela agricultura, inicialmente a de subsistência e, pouco mais tarde, para a cultura cafeeira, que se tornou a base econômica de toda a região e fator de seu crescimento.
O Distrito da cidade de Carangola não teve um fundador, pois constituiu-se numa obra de grandes fazendeiros que se estbeleceram nos arredores, algumas décadas antes do início da formação do povoado, na década de 1840. Durante o período citado ocorreu a derrubada de grande parte da mata que cobria o atual perímetro urbano, situado na margem esquerda do rio Carangola. Os primitivos habitantes foram os índios da tribo Purís-Coroados, tangidos do litoral pela civilização e tribos hostís.
O topônimo local, "Carangola", provém do rio do mesmo nome, sendo que a denominação já constava nos mapas da Capitania de Minas Gerais datados de 1780, bem antes da presença do homem branco na região. Quanto ao seu significado existem mais de 10 versões imaginárias, conflitantes, não tendo sido encontrada, até hoje, de onde o cartógrafo obteve a denominação para o rio. Todas as referências existentes não conseguiram convencer os pesquisadores que se dedicam ao assunto.
Existe uma versão que relata a chegada de João Fernandes de Lannes, no ano de 1805, tendo este acampado no local da atual Praça Cel. Maximiano, sem contudo ter alí se fixado. Os primeiros contatos com os selvícolas foram pacíficos, tendo os colonizadores comerciado com estes a troco da extração da poáia, muito comum na região, naquela época, de cujas virtudes medicinais se obtinha bons lucros em Campos dos Goytcazes, Estado do Rio de Janeiro.
O devassamento da região limítrofe ocorreu a partir de 1822 quando Antônio Dutra de Carvalho (Cel. Dutrão) se apossou de 25 sesmarias na região do Caparaó. Em 1826 o Guarda-Mor Manoel Esteves de Lima se apossou de uma área de 800 alqueires na região de Papagaio, tendo fixado sua sede no local onde mais tarde se denominou Córrego dos Freitas.
Em 1833 o Tenente-Coronel José Baptista da Cunha e Castro desbravou a região de Divino. As terras situadas nas margens do rio Carangola, entre Porciúncula e Itaperuna, Estado do Rio de Janeiro, foram desbravadas por José de Lannes Dantas Brandão, incluindo as terras banhadas pelo rio São Mateus.
A área geográfica do município de Carangola pertenceu, sucessivamente, desde o período colonial, aos municípios de Mariana, Pomba, Visconde do Rio Branco, Ubá e Muriaé. Os primeiros proprietários da área onde hoje se encontra o perímetro urbano da cidade foram Francisco Pereira de Souza e Marciano Pereira de Souza.
Na evolução histórica da região, um marco relevante foi a Primeira Eleição para Eleitores Especiais, ocorrida em 02 de novembro de 1856. Em 07 de outubro de 1857 foi benzida a primeira capela do povoado, tendo por orago Nossa Senhora do Rosário, capela esta construída por Francisco de Souza Romano. Em 06 de janeiro de 1859, numa reunião presidida pelo padre Antônio Bento Machado, vigário da Freguesia de Tombos, foi decidida a construção de uma capela, tendo por orago Santa Luzia, destinada a ser a futura Igreja Matriz do lugar. Dentro das exigências da época para a formação do "castrum" da futura Freguesia, incluía-se a doação de uma gleba de terras para a formação do Patrimônio, sendo que a capela tinha de ser construída defronte a um retângulo, para a formação do chamado Largo da Matriz. Coube aos Srs. José Moreira Carneiro, português natural de Funchal, na Ilha da Madeira, e seu sogro Manoel José da Silva Novaes, adquirir de Francisco de Souza Romano a área necessária e efetuar a doação do terreno à Mitra Diocesana de Mariana. Esta doação foi a origem da disposição das ruas do centro da cidade.
A Lei de n.º 1097 de 07/10/1860 criou um Distrito de Paz em Carangola, como parte integrante do município de São Paulo do Muriahé, desde 1855. A Freguesia (Distrito) foi criada pela Lei Provincial n.º 1273 de 02/01/1866. O município o foi, com território desmembrado de São Paulo do Muriahé, atual Muriaé, por efeito da Lei Priovincial n.º 2500 de 12/11/1878. Em virtude da Lei Provincial n.º 2848 de 25/10/1881, foram concedidos foros de cidade à sede do município de Carangola. Em 07 de janeiro de 1882 ocorreu a instalação do primeiro governo municipal, tendo sido escolhido para ser o 1.º Presidente da Câmara Municipal o médico Dr. Manuel Afonso Cardoso e para Vereadores os Srs. Antônio Carlos de Souza, José Luciano de Souza Guimarães (futuro Barão de São Francisco do Glória), Mariano José Soares, Antônio Antunes Vieira, João Marcelino Teixeira e Estêvão Rodrigues Pedrosa.
A criação do Distrito de Carangola foi confirmada através da Lei Estadual n.º 02 de 14/09/1891. Na época de sua emancipação, o município de Carangola compreendia os Distritos de Carangola, Tombos do Carangola, São Mateus, São Sebastião da Barra, Alto Carangola, São Francisco do Glória, Espera Feliz e Divino do Espírito Santo do Carangola. Na imensa área que constituía o Município, em 1882, ocorreram sucessivos desmembramentos sendo que hoje se constitui em 12 Municípios.
A vida judiciária teve início na elevação do povoado à condição de Distrito de Paz (Lei 1097 de 07/10/1860). Pela Lei n.º 2665 de 04/11/1880, era criada a Comarca de Rio Manhuaçú, abrangendo os Termos de São Lourenço do Manhuaçú e Santa Luzia do Carangola, sendo o de Carangola criado pela Lei n.º 2500 de 12/11/1878. Em 10 de abril de 1882 o Presidente da Província de Minas Gerais nomeou para Juiz Municipal o Dr. Benjamin Firmo de Paula Aroeira. Tendo o Juiz de Direito oportunidade de optar para sede da nova Comarca, este escolheu Carangola, fixando aqui sua residência, instalando-se em 20 de janeiro de 1883, preenchendo aquela formalidade o Juiz Suplente Dr. Américo Fernandes Leão. Em 10 de maio de 1883 o Juiz de Direito, Dr. Francisco Xavier Rodrigues Campello inaugurou as audiências públicas. Através do Decreto n.e 230 de 10/11/1890, era criada a Comarca de Carangola, desmembrada da Comarca de Rio Manhuaçú. Em 28 de setembro de 1922 foi a Comarca elevada à categoria de 2.ª Entrância através da Lei 839. Em 23 de novembro de 1925, pela Lei n.º 912, foi elevada para 3.ª Entrância. Pelo Decreto n.º 667, de 1940, a Comarca de Carangola tornou-se de 4.ª Entrância. O primeiro registro civil de nascimento ocorreu em 10 de janeiro de 1889 e o primeiro registro de imóveis, em 28 de fevereiro de 1891.
A vida religiosa teve início com a construção da capela do Rosário, edificada por Francisco de Souza Romano, benzida em 07 de outubro de 1857. A primeira Igreja Matriz foi construída de taipa, no ano de 1859. Em 1862, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, durante sua visita à Freguesia de Tombos, assinou o decreto criando o Curato de Santa Luzia, filial da Paróquia de Tombos. Em 1868 chegou o primeiro Cura, o padre italiano Antonio Cassaleto. Dentre os vigários da Paróquia se destacou o padre Cândido Alves Pinto de Cerqueira, deputado provincial por duas legislaturas. A partir de 1915 foi a Paróquia de Santa Luzia incorporada à Diocese de Caratinga. Em 1925 a provisão passou a ser exercida pela Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria (Claretianos) que permaneceram até 1954, quando foram sucedidos pela Congregação dos Padres Missionários de Nossa Senhora do Sacramento (Sacramentinos), que permaneceram até 1982. Em 1921 vieram as primeiras freiras da Congregação das Servas de Maria do Brasil, que naquele ano adquiriram a Escola Normal "Arthur Bernardes". Em 1935, para assumirem a direção interna da Casa de Caridade de Carangola, chegaram as freiras da Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.
A primeira confissão evangélica a se estabelecer em Carangola foi a Igreja Metodista, em novembro de 1921. Em seguida formou-se uma Congregação da Igreja Batista e, em 1949, a Igreja Presbiteriana do Brasil estabeleceu sua casa de oração na rua Barão de São Francisco. A Igreja Cristã iniciou suas atividades inaugurando sua primeira Casa de Oração em 01 de janeiro de 1914, na região de Conceição. Em 1941 inauguraram seu templo na rua Coronel Manoel José de Souza. Em 1954 a Igreja Evangélica Assembléia de Deus iniciou suas atividades num salão situado na rua 12 de Outubro. Posteriormente surgiram novas confissões e hoje totalizam 18 igrejas de denominações diferentes.
As comunicações desta região para com os portos do litoral eram precárias, sendo o transporte efetuado por tropas de burros devido à carência de rios navegáveis e o terreno muito montanhoso. Em 1872 o Comendador Cardoso Moreira iniciou a construção da Estrada de Ferro do Carangola que, partindo inicialmente de Campos-RJ, deveria ter seu ponto final em Tombos. Mas as freqüentes interrupções dos trabalhos permitiram que a ferrovia atingisse no máximo o povoado de Porciúncula-RJ. Em 10 de julho de 1887 um trem de lastro da Estrada de Ferro Alto-Muriahé foi festivamente recebido na cidade, que assim passava a ter comunicação direta e diária com o Rio de Janeiro. Sendo ponto final da ferrovia, até o ano de 1914, a cidade teve um grande surto de desenvolvimento, constituindo o empório de uma área geográfica de 250 km de raio. O primeiro automóvel chegou a Carangola em 1917, adquirido pelo Sr. José Joaquim Ferreira. As condições das estradas de rodagem eram precárias. A maioria delas foram locadas pelas antigas trilhas dos indígenas e ampliadas para o trânsito de tropas de alimárias e carros de bois. Com a construção da rodovia Rio-Bahia, seu traçado passava no antigo povoado onde hoje é a cidade de Fervedouro. Em 1939 foi iniciada a construção do trecho de Fervedouro a São João do Manhuaçú. Em 1944 foi iniciada, de Carangola, a construção do ramal ligando a Fervedouro e à estrda tronco. A Estrada de Ferro Alto-Muriahé foi absorvida pela Estrada de Ferro Leopoldina que, por sua vez, em 1899, passou para propriedade inglesa, passando a constituir a The Leopoldina Railway Company Limited, que assim permaneceu até 1949, quando foi encampada pelo governo brasileiro. A ferrovia foi erradicada do município em 09 de setembro de 1976. A pavimentação do trecho rodoviário Carangola-Fervedouro atingiu a cidade em 30 de abril de 1966.
A iluminação pública, inicialmente, era feita com lampiões que queimavam óleo de baleia. Durante a administração do Agente Executivo Manoel José de Souza (1898-1901) foi instalada a iluminação pública a gás acetileno e em abril de 1914 a cidade passou a ser iluminada com energia elétrica.
Quando ocorreu sua emancipação, em 1882, a cidade de Carangola se compunha de cinco ruas e duas praças, com 36 residências. Em 1896, na época da instalação dos serviços de água e esgoto, o perímetro urbano já possuía 156 domicílios e estabelecimentos comerciais. Em 1901 foi inaugurado o Parque Municipal, misto de área de lazer e jardim botânico, que teve duração efêmera. O ajardinamento da praça principal só ocorreu em 1910, durante a administração municipal do Cel. Olympio Joventino Machado. Apesar de na época citada já estarem instaladas as pedras de meio fio, o calçamento a paralelepípedos só foi iniciado em março de 1923, durante a administração do Cel. Adolfo Eusébio de Carvalho, limitando-se ao centro da cidade.
Desde 1856 que a cidade dispunha de escolas singulares, tanto na área urbana como na rural. Em 1890 foi inaugurada a Escola Intendencial e em 1907 instalado o Grupo Escolar na Praça Cel. Maximiano. Em março de 1916 o prédio onde este Grupo se instalava desabou e a escola funcionou até 1925 em vários pontos da cidade. Em 21 de abril de 1925 foi inaugurado o Grupo Escolar Mello Vianna. Em 01 de fevereiro de 1934 iniciava suas atividades, em três casas na rua Marechal Deodoro, o Grupo Escolar Interventor Benedito Valadares. No ano de 1946 passou a ocupar as suas instalações definitivas na rua Quintino Bocaiúva. Em 1947, no prédio do antigo Instituto Propedêutico Carangolense, começava a funcionar o Grupo Escolar Antônio Marques. O ensino secundário teve início com o Ginásio Carangolense, de propriedade do Sr. Vespasiano Leopoldino de Souza, que iniciou suas atividades em 1914 num casarão na rua Marechal Deodoro. Em 1917, anexo a este, era instalada a Escola Normal Arthur Bernardes, transferida de Manhuaçú para Carangola. Em 1916 foram lançados os alicerces de um estabelecimento escolar que teria a denominação de Colégio Santa Luzia. A construção só ficou pronta em 1922 e ali se instalou o Ginásio Municipal Carangolense, que durou até 1973, sendo extinto e suas instalações adquiridas pela Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Carangola. O Instituto Propedêutico Carangolense foi inaugurado em 20 de janeiro de 1929 e funcionou até 1938, na rua Magalhães Queiróz.
No aspecto econômico, a agricultura foi o fator de crescimento da região. A introdução do cultivo do café data de 1848, quando Manoel Pinheiro plantou as primeiras mudas em Caiana. A generalização do cultivo de café na região atraiu a ferrovia, devido ao volume considerável de produção. No auge do período produtivo a cidade chegou a exportar 100 mil sacas anuais. A produção cafeeira local teve sua primeira crise em 1907 devido às especificações previstas no Convênio de Taubaté, pois o tipo produzido na região não se enquadrava no mesmo. A pecuária, outrora limitada à criação de gado Barroso, de pouco leite e carne dura, teve um incentivo a partir de 1914, quando Roberto Ferreira de Toledo Júnior adquiriu os primeiros exemplares de gado de origem européia: holandês preto e branco, normando e simental. Posteriormente outros fazendeiros introduziram animais de origem indiana e outras raças européias. A produção econômica de Carangola era tamanha, chegando ao ponto de se constituir na segunda arrecadação fiscal do Estado de Minas Gerais.
Uma grande experiência foi tentada a partir de 1915 pelo médico Dr. Jonas de Faria Castro que, através de uma sociedade anônima, fundou a Companhia Industrial Carangolense inaugurando, em 1921, a primeira fábrica de isoladores de porcelana da América do Sul. A empresa entrou em insolvência em 1926. Outro empreendimento industrial de vulto foi a Oficina Metalúrgica de Antônio Pistono & Filhos, que dispunha de uma grande fundição de ferro, tendo fabricado tornos mecânicos e limadores, em 1917.
Apesar de ter deixado de constituir ponto final da ferrovia, em 1914, a cidade ainda experimentou um grande desenvolvimento. As sucessivas emancipações de seus distritos - Tombos (1922), Divino e Espera Feliz (1938), Faria Lemos e São Francisco do Glória (1953) e ultimamente Fervedouro (1993) - esvaziaram a base econômica do município. Em 1936 existiam em Carangola treze grandes armazéns exportadores de café e, em 1950 estes já se reduziam a apenas três. Em 1968 o município aderiu ao Programa de Erradicação dos Cafeeiros tidos como improdutivos a troco da pavimentação das rodovias que cortavam o município. Assim se esvaiu o restante da economia local, outrora uma das mais pujantes do Estado de Minas Gerais.